Licença Creative Commons O trabalho Reflexões Refletidas de Fabrício Olmo Aride foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Homem Urubu

O Homem Urubu está à espreita
Em busca da carniça alheia
Com as desventuras dos outros se deleita
O rancor corre na veia

Podem passar dias, meses, anos
O Homem Urubu tem seus planos
De revirar o que era para ser esquecido
Reencontrar o que já estava sumido

Sempre querendo urubuzar
Encosto a sobrevoar
Rondando, rondando
Imaginando, maquinando

Sua fome atiça
Estômago humano, cérebro de carniça
Homem Urubu
Vá tomar... tento

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Lábia

A lábia pode resultar em conquistas
Ou confundir as pistas
Evitar o caminho perigoso
Ou seguir um caminho tortuoso

A lábia pode levar o cego a enxergar
Ou a tropeçar
Trazer soluções inovadoras
Ou realidades desmotivadoras

A lábia pode fazer um sonho acontecer
Ou a frustração trazer
Produzir ganho e satisfação
Ou uma grande desilusão

A lábia pode gerar uma bela estrofe
Ou causar uma terrível catástrofe
Pintar uma bela simplicidade
Ou uma terrível complexidade

A lábia pode atender aos interesses coletivos
Ou gerar pilares restritivos
Pode comprovar por A mais B
Ou se perder no A a Z

Quando for dar a cara para bater
Pelo resultado terá que responder
Qual é o seu tipo de lábia?
Espero que seja sábia

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Mudança

Mudança de momento
De pensamento
Opções antes descartadas
Reconsideradas

Vida, experiência
A saída é a consciência
Preparar
Mergulhar

No mar da mudança
De constante correnteza
Com perseverança
À procura da certeza

O tempo passa
A idade aumenta
Caçador ou caça
De lições se alimenta

Não é possível parar
É necessário nadar
O pulmão aguenta
E o coração vence a tormenta

domingo, 30 de novembro de 2014

É hora II

É hora de parar de esperar
Não vale a pena lamentar
É hora de parar de pensar no que já era
Olhar para si de forma sincera

É hora de ter a cabeça no lugar
Na realidade mergulhar
Seguir em frente
Consciente

É hora de largar as coisas ruins
Novos começos, decretados fins
Encontrar novamente um sentido
Sabendo que tudo é indefinido

É hora de tomar uma decisão
Em meio a tanta questão
É hora de parar por aqui
Para continuar por ali

É hora de saber o que quer
O que não quer
É hora de parar de se iludir
E reconstruir

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Oh, vida

Oh, vida difícil
Uso de qualquer artifício
Para sentir-se confortável
Em uma era mutante e instável

Religião, filosofia, psicologia, droga, remédio
Solidão, tédio
Vontade de gritar
Esperando alguém escutar

Ritmo acelerado
Verdades banais
Certo versus errado
Avalanches de mais, mais e mais

Novidades que vão embora
Um dia é tempo de outrora
Vazio em saturação
Exposição

Indivíduos
Individualidade
Discípulos
Da desigualdade

Admirável mundo descartável
Somente o agora é louvável
Ajoelhemo-nos em oração
Ao Deus intangível, símbolo da perfeição

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Há vezes

Há vezes que vale a pena lutar
Se no intuito acreditar
Aí se faz das tripas coração
Para a solução da equação

Há vezes que se quer insistir
Por medo do que pode estar por vir
Vê-se um fim como O Fim
Mas não é bem assim

Há vezes que é bom deixar-se cair
Cair de pé e prosseguir
Dar-se o direito de esfriar a cabeça
Para que a alma aqueça

Ter um tempo para si
Descansar, refletir
Ficar sossegado
Despreocupado

Se não existe paz
Nada existe mais
Se existe algema
Então não vale a pena

sábado, 1 de novembro de 2014

Caótico

Cristianismo
Bruxaria
Pragmatismo
Anarquia

Ritual da lua
Verdade nua e crua
Isolamento no convento
Inacessível como o firmamento

Mitologia
Budismo, islamismo, judaísmo
Exoterismo, alquimia, magia
Ismo, ismo, sincretismo

Vela, pandeiro
Psicologia, dinheiro
Galinha preta, trabalho
Pinga, chocalho

Louvor ao amor
Felicidade, clamor 
Ministrar o johrei
Viva o Rei!

Paroxismo
Satanismo
Realidade
Utopia da igualdade

Cuidado com o demônio
Seja perfeito, idôneo
Tenha juízo, ser racional
Até o dia do juízo final

Política e religião
Situação,  coligação, oposição
Igreja, terreiro
Caótico Apostólico Brasileiro

Elo

O elo forte une
O elo fraco pune
O elo é forte quando há a mesma intenção
O elo é fraco quando é oposta a direção

Elo?
Ou duelo?
Se elo, cabeça no lugar
Se duelo, cabeças vão rolar

De que lado você está?
Se está no meio, comece a rezar
Pois o elo pode tentar trazer luz
Mas acabar pregado na cruz

domingo, 26 de outubro de 2014

E aí, mano?

E aí mano, beleza?
Vamos falar sobre errar?
Errar é falta de esperteza
Somos pouco espertos, com certeza

Xi, mano, fazemos merda
Escolhemos merda
Depois seguimos insatisfeitos
Viva nós, os eleitos!

Verdade, vida
Realidade entorpecida
Valoriza-se a palavra amor
O que se vê é clamor

Em todos os frenéticos dias
Manhãs e tardes quentes, noites frias
É necessário ser o dono da razão oca
Fragmentos torpes saem da boca

É, mano, falamos merda
Então pensei e escrevi esta merda
Sobre o efêmero e o perecível
O patético e o desprezível

Vontade

Tenho vontade de andar por aí
Sem saber onde ir
Se me perder, perguntar
Sem saber ao certo onde chegar

Tenho vontade de planar
Sobre a superfície olhar
Procurar, entender
Ver, escolher no que crer

Tenho vontade de escalar
Encontrar um bom lugar
Comprovar o que imagino
E transformar num hino

Se sou errado
Carrego o fardo
Contraditório dia a dia
Pessimismo, utopia

Perto ou longe do fim
Não sei o que será de mim
Só me resta curtir
Sem pirar no porvir

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Enquanto

Se a conversa cruza as diagonais
E não estou em nenhuma delas
Se as realidades são desiguais
Casas, edifícios, favelas

Se a vida é tensa para todo mundo
Se mais feliz é quem não tem muito
Se parece que instrução é desilusão
Que ser feliz é não ter questão

Então me questiono sobre o que é ser são
E não meter os pés pelas mãos
E se estamos na era da aceitação
Aceitamos docilmente a corrupção

O melhor é o que convém ao ego
Para aos arredores, é melhor ser cego
E eis que recebemos o soco na boca do estômago
Na boca do âmago

E assim seguimos
Em meio a nossos achismos
Em busca de mais ou menos, menos ou mais
Enquanto não descansamos em paz

Verdarte

Quero dizer que o que vale é a bondade
Que é boa a simplicidade
Que a verdade é reta
Que a felicidade é concreta

Quero dizer que procuro melhorar
Mas estou aprendendo a cagar e andar
Que ninguém é autossuficiente
E, muito menos, coerente

Quero dizer que não sei o que estou dizendo
Não sei sequer o que estou fazendo
Mas estou sobrevivendo
Estou vivendo!

Quero dizer que somos masoquistas
Por ligarmos satisfação a conquistas
Conquista de bens
És o que tens?

Quero dizer que é bom ter controle
Mas, melhor ainda, é o tempero do descontrole
Que amor rima com cor
E cor rima com flor

Cores
Valores
Arte
Verdarte

sábado, 18 de outubro de 2014

Fernandinho

Bonita camisa, Fernandinho!
Que "istressis", Fernandinho!
É, Fernandinho...
Caíste no padrão do caminho

Acordando sempre cedo
Trabalhando fervorosamente
Dedicado, mas com medo
Que a chapa esquente

Mas você não conta para ninguém
Os outros têm que te ver como alguém
Se perde o emprego, está "em transição de carreira"
Mantém sempre as boas maneiras

Fernandinho, seja sorridente e feliz
O dono do seu nariz
Inteligente e autossuficiente
Em uma sociedade frágil e prepotente

Relativize a ética
Sinta que tudo pode
Mostre-se uma persona épica
Que nunca se fode

Isso aí, Fernandinho
Isso aí, outro Fernandinho
Bonita camisa
Estrela da fama onde pisa

Vou

Vou andando
Vou nadando
Vou voando
Não sei até quando

Em busca de não sei o quê
Se estou vivo, este é o porquê
Catarse e estranhamento
Flores e cimento

É assim
Saio de mim
Viajo pelos planetas
No clichê das caudas dos cometas

Sou sério
Mas também saio do sério
Me agrada a caminhada
Em busca de "nada"

É só reflexão
Após madura, se torna ação
Só quero curtir a minha viagem
Da descoberta à garimpagem

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Que saudades!

Sou tranquilo
Curto minha vibe sozinho
Ou com quem queira fazer parte
Transformando o papo em arte

Sou tranquilo
Como um grilo
Gosto menos de falar, mais de ouvir
De voltar, de ir

Não tenho ideia fixa
Não gosto de ideia prolixa
Gosto da simplicidade
Não difiro idade

Gosto de solução
Sem soluço, eis a questão
Vejo seres humanos cegos
Em uma guerra de egos

Estou aí
Até hoje não caí
Procuro a parada certa
A verdade é reta

Não me importo com grandeza
Não me importo com riqueza
Mas quero ver a coisa andar
E chegar ao desejado patamar

E quero isso o mais rápido possível
Enquanto outros querem tornar impossível
Consciente ou inconsciente
Presente, porém ausente

Eu quero fazer
Eu quero acontecer
No amanhecer, entardecer, anoitecer
Para que as coisas realmente possam ser

Sou o conhecimento, a verdade e a vida
Sou a cura de qualquer ferida
Sou o amor para ti e para os teus
Sou Deus

Que saudades de ti, Deus!

Você que me faz tão mal

Cansei de você
Que me faz tão mal
Sinto-me um burro e o porquê
Você é perda de tempo total

Franzo minha testa em sofrimento
Fumaça fora, fumaça dentro
Sinto-me enfraquecido
Burro enlouquecido

Deixe-me em paz
Quero respirar levemente
Tenho que ser capaz
Tenho coração e mente

Se quero ser feliz
E ser dono do meu nariz
Preciso lhe deixar
Para você não me matar

Chega de recaída
Preciso sair dessa vida
Fica aqui meu inconformismo
Contra o sadotabagismo

Mirabola

Mirabola questões
Situações
Complexidades teóricas
De práticas utópicas

Mirabola a megalomania
Que mania!
O simples tem que ser complicado
E magicamente aplicado

Mirabola a utilidade
A flexibilidade
Em um futuro distante
De um presente minguante

Mirabola a grande invenção
A perfeição
Conexão entre infinitos pontos
Caminham sobre o mar, os tontos

Mirabola
Não descola, não decola
Mirabola sem parar
E não sai do lugar

sábado, 11 de outubro de 2014

O bom malandro

O bom malandro
Reconhece o meandro
Procura o ponto certo
Caminha ereto

Pensa antes de fazer
Prefere ver e crer
Busca integração
Mede mente e coração

Foge da inimizade
Ama o amor e a paz
Acredita na felicidade
Sente-se capaz

Cumpre com as responsabilidades
Vê paisagem nas tempestades
Procura ser o melhor que pode
Quando o desânimo ameaça, se sacode

O bom malandro
Pode ser vermelho, amarelo, preto, branco
Bossa nova, sambista, funkeiro, regueiro
Do blues, do clássico, rockeiro

Andar só de bermuda
Ou usar óculos de lente funda
Ser uma pessoa mais parada
Ou mais agitada

O bom malandro se conhece
Escolhe o sentido que lhe apetece
Entende o sacrifício da lida
E segue os bons caminhos da vida

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Vai...

Chega perto não
Estou na sua contramão
Não concordo contigo
Olhe para o seu umbigo

Escute o que sai da sua boca
Você devia ser mudo
Você parece uma criatura louca
Perdida no mundo

Sai de perto
Meu papo é reto
Não é porque a situação mudou
Que deixarei de ser quem sou

Se enxerga, moleque
Quem sente a brisa não precisa de leque
Fica aí na sua piração
Repito, estou na sua contramão

Você diz que sua ética é diferente
Como se bondade fosse algo incoerente
Perdi tempo refletindo sobre você
Vai se foder

Fique aí

Se ficou caro
Raro
Complicado
Revirado

Se ficou complexo
Côncavo ou convexo
Prolixo
Sem saber o ponto fixo

Se ficou maluco
Enquanto canta o cuco
Se o tempo vai
E a verdade atual esvai

Se o que era
Não é mais
Se acabou uma era
E eis o dilema do ser capaz

Se, se, se, se
Se você diz isso por você
Se fazer mal ao outro é o seu lazer
Então fique aí no seu não ser

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

O combate

Existe uma predisposição pessimista
E de repente a realidade é otimista
O que parecia sem sentido
Se torna cristalino e límpido

São as fases legais da vida
Onde situações inesperadas se encontram
E surge um novo ponto de partida
As dúvidas não mais amedrontam

É a hora de partir para cima
Fazer com que tudo siga a rima
Em prol do mesmo objetivo
Pois vitória não é um abstrato substantivo

Vivemos para gostar de viver
Somos o que queremos ser
Não é uma questão material
Mas de ficar satisfeito no final

Existem muitas fontes de alegria
E a melhor de todas é a empatia
Valorização das virtudes, aceitação dos defeitos
De que podemos ser ótimos, não perfeitos

União
Consagração
Crer
Fazer

Tranquilidade
Sem ansiedade
Porque no combate, se se abate
O destino é o abate

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Gosto

Gosto de mistura
Sanidade e loucura
Encadeamentos
Momentos

Gosto de fazer acontecer
De ver acontecer
Da forma prática
Reta e sem plástica

Gosto do preto no branco
Da muleta e do manco
Do caminho tortuoso
Do futuro nebuloso

Gosto de me sentir bem
Satisfeito com, satisfeito sem
Um dia de cada vez
O talvez

O que há?
O que verá?
O que virá?
Será?

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Em que acredito

Acredito em história
Em passado de glória
Acredito no presente
Passado e futuro em frente

Acredito na mistura
O velho, o novo, a cura
Acredito em algo sensacional
Com todos felizes no final

Acredito em bons projetos
Que unam afetos e desafetos
Acredito que vamos conseguir
E que a admiração mútua irá emergir

Acredito em perceber todos os lados
No entendimento das limitações
Acredito em valorizar talentos demonstrados
Unindo-se em prol das mesmas ações

Acredito na união
Acredito no time
Que, sim, será campeão
Com entrosamento sublime

Do que tenho medo

Tenho medo de não progredir
Tenho medo de cair
Tenho medo do fim
Tenho medo de mim

Tenho medo de não somar
Tenho medo de desagregar
Tenho medo de não ser capaz
Tenho medo de ficar para trás

Tenho medo de besteiras
Tenho medo de cegueiras
Tenho medo do insulto
Tenho medo do luto

Tenho medo de não ser acolhido
Tenho medo de ser esquecido
Tenho medo de não ser um ser bom
Tenho medo de não ter dom

Medo santo de cada dia
Fujo do medo sem apatia
Mas tenho medo do beco sem saída
Onde encontrarei o sarcasmo da vida

sábado, 23 de agosto de 2014

Eu cego

Eu cego meu caminho
Sou um estranho no ninho
Não afirmo, nem nego
E assim cego

Eu cego meu caminho
Entre a flor e o espinho
Refém das mudanças
Mais velozes que lanças

Eu cego o meu caminho
Apraz ou mesquinho
No centro ou de canto
Se danço, canto

Eu cego meu caminho
Escrevendo em pergaminho
Entre ondas nebulosas
E paisagens formosas

Eu cego meu caminho
Pelo pão, pelo vinho
Eu cego
Não nego

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Legal, cara

Ver pessoas de bem
Se dando bem
Ver o esforço empregado
Bem recompensado

Que num momento de desilusão
Surja uma alegria
Que num momento de incompreensão
Surja uma empatia

Que o meio termo vingue
Que querer vingança não vingue
Que a dor e a raiva fiquem para trás
Que as coisas boas matem as coisas más

Quando a respiração é profunda
Quando uma boa ideia é fecunda
Quando o que fere, sara
Legal, cara

domingo, 17 de agosto de 2014

Essa é a lei

Hoje já não sei
Essa é a lei
Conceitos quebrados
Emancipados

Controle, não há
Ondas revoltas no mar
Em busca de sentido
O desconstruído, o reconstruído

Deixando seguir
Buscando algo emergir
Dentro da imersão
Da questão

Fatos se encontram
Fatos se desencontram
Fatos levam a choques
Explosão de enfoques

Verdades milenares
Com quedas de pilares
Verdades que se desfazem
E tanto vazio trazem

Preciso?

Publicidade
Falsidade
Exoneração
Corrupção

Pilantragem
Maquiagem
Estelionato
Assassinato

Inflação
Perturbação
Crédito
Descrédito

Roleta russa
Situação tá russa
Promessas
Realidades perversas

Sabotagem
Camuflagem
Conchavos
De sei lá quantos avos

À espera das figuras míticas
Que unirão amor e poder
Por que fujo das políticas?
Preciso responder?

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

É hora

Quando não é levado a sério
Quando quer dizer um impropério
Quando se sente de lado
Quando quer ficar no seu quadrado
É hora

Quando não se sente bem recebido
Quando nota um mal preconcebido
Quando não quer ficar deitado
Quando se sente amarrado
É hora

Quando acha descabido
Quando acaba a libido
Quando invade a inanição
Quando abusiva é a pressão
É hora

Quando o que ouve é concordância
E o que vê é discordância
Quando não é necessário morrer
Para que possa renascer
É hora

É hora
De cair fora

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Cegueira

Muitas e muitas vezes
Pessoas são tomadas por cegueiras
A solução é óbvia, há anos e meses
Mas a sensatez perde as estribeiras

Solução bem na frente
Rente
Bem na cara
Descara

Mas não vê
Não pensa
Não crê
E faz a sentença

Podendo ter uma solução interna, clara e imediata
Prefere uma solução externa, obscura e inexata
Lembrando aquela filosofia do descaminho
Grama mais verde é a do vizinho

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O que são os pesadelos?

Já sonhei que caía de um prédio
Acordei com um susto, seguido de tédio
Já sonhei que estava numa caverna com bichos peçonhentos
Acordei com péssimos (pre)sentimentos

Já sonhei que, em acidente automobilístico, morri
Vi-me atropelado, esmagado, aqui e ali
Já sonhei que vagava numa praia totalmente escurecida
E acordei pensando no sentido da vida

Com loucuras vindas não sei de onde
Já sonhei que um morcego me levou pela gola ao horizonte
Em meio às nuvens me largou
Acordei me perguntando o que sou

Já sonhei que fui atacado por um cão feroz
E acordei pensando como a vida é atroz
Notei-me como algo perecível
Que pode ser engolido da forma mais terrível

Já tive a visão de minha mãe vestida a espanhola
Estilo flamenco, com direito a castanhola
Era criança e acordei em desespero
Nunca compreendi tamanho exagero

Já sonhei que após ter mergulhado
Em alguma piscina de algum lugar
Deparei-me com um teto envidraçado
E acordei tentando respirar

Já acordei gritando aterrorizado
Cercado do silêncio a todo lado
Tive muitos pesadelos
E continuo, por vezes, a tê-los

Alguns veem pesadelos como premonição, coisa boa, ou algo sem noção
Eu vejo como lição
Real e surreal
Luta entre o bem e o mal

Já sonhei com meus falecimentos diversos
Estou vivo para escrever estes versos
Nunca, dos pesadelos, desdenho
Com palavras, os desenho

Questões de criança, adolescente, adulto
Do que me perdoo, do que me culpo
Pressões de mundo, país, cidade, sociedade, trabalho, amigos, inimigos, família
Sentimento de ilha

Cercada, amada
Vigiada, atacada
Que reage por natureza
Mesmo devastada, com beleza

Não tenho vergonha do que escrevo
Coloco minha alma em alto relevo
E lutando para sanar cada cicatriz
Ainda encontro tempo para ser feliz

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Nadim, meu pai, setenta anos

Cê tenta fazer
E faz por prazer
Não foge da lida
Valoriza a vida

Cê tenta recuperar
Há tempos recuperou
Recuperou o seu lugar
Levantou, voou

Quem nasceu para ser águia
Não acaba em água
Cê tenta e está aí, firme e forte
Seja no sul, seja no norte

Fazendo o melhor que pode
Sem que obstáculos o pode
Cê tenta e consegue
Cê tenta e se ergue

Nesta data, com amigos e a família
Você é a ilha
Cercada do amor, do bem
Setenta, Oitenta, Noventa, Cem

Fausto Fanti

E quando o humor perde a graça
Encontrando-se com a desgraça?
Fausto Fanti nos deixou
A morte o levou

Não consigo entender
Alguém que nos fazia rir
Agora nos faz surpreender
Deixou-se ir

Quais seriam os motivos?
Sobre isso, não há registros
De repente, a notícia chegou
E nos consternou

Nunca fui de rir
De programas de comédia
Mas me dobrava de rir, até cair
Daquela "toscomédia"

Hermes e Renato
Riso nato
Piada com a vida
Ficou uma ferida

Foi só ver para crer
Melhor humor da história da TV
Precisamos de vocês
Tentem outra vez

sábado, 26 de julho de 2014

Desnecessário

Desnecessário bater boca
Marcar toca
Achar-se o maioral
Em gênero, número e grau

Desnecessário pisar
Não querer escutar
Ser o dono da verdade
Aos erros alheios, fazer alarde

Desnecessário impor regra
Competir ferozmente
E quando o bicho pega
Fugir pela tangente

Desnecessário achar o mundo mau
Viver com o escudo e meter o pau
Atacar para se defender
Passar por cima, ofender

Desnecessário levar-se tão a sério
Com inveja e ira, construir um império
Necessário o amor no que faz e no que diz
E colocar-se na qualidade de aprendiz

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Conservadores

A novidade traz sustos
É caótica
Aqueles que se arrogam astutos
Relutam em mudar de ótica

A novidade traz complicações
Faz mudar a forma
Reformula as ações
Mata a antiga norma

A novidade pode ser para melhor
Mas a primeira reação é achar pior
Só a experiência provará
Só o tempo dirá

Para os conservadores
É oneroso rever valores
Rever conceitos
Sobrescrever preconceitos

Ouvir, argumentar
Discernir, estudar
Pois é um crime dizer "não"
Sem compreender de antemão

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Que fase

Foi naquele momento
Que você me falou
E o esquecimento
Me levou

Aquela frase
Que fase
Nem me recordo
Então até concordo

A vida vai passando
Cagando e andando
Indo nesse ritmo
Faz bem para o íntimo

Qual é a sua opinião?
Qual era mesma, a questão?
Minutos parecem dias
Os passos seguem sem guias

E aí?
E aí o quê?
E aí?
E aí o quê?

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Peço desculpas

Por ter escondido
Não ter esclarecido
Ter discordado
Sem haver entendido
Ter esnobado
O seu pedido
Ter desencaminhado
O que não estava perdido
Ter desafinado
O som que estava nítido

Não quero mais ouvir

Não quero mais ouvir você dizer
Que não é possível
Não quero mais ouvir você dizer
Que não é passível

Não quero mais ouvir você dizer
Que não é capaz
Não quero mais ouvir você dizer
Que nunca mais

Não quero mais ouvir você dizer
Que vai desistir
Não quero mais ouvir você dizer
Que não vai progredir

Não quero mais ouvir você dizer
Que não há esperança
Não quero mais ouvir você dizer
Que não há temperança

Não quero mais ouvir você dizer
Que o show acabou
Não quero mais ouvir você dizer
I should stay, I shouldn't go

Coração arbitrário
É o remetente
E o destinatário:
Mente

Bom

Coração disparado
Espírito descompassado
Angústia sufocante
Estressante

Mais um dia de batalha
Malha judas, judas malha
Uma batalha campal
Do mal contra o mal

Tudo isso para quê?
Para resolver, só a paz
É necessário entender
Para que querer ser mais?

Brigar cansa
Destrutiva é a vingança
Se há sofrimento, não há razão
Eis o xis da questão

Procurar o que há de bom
Absorver o dom
De ser agregador
Através do amor

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Perturbação

Perturbação
Quando você diz que sim
E alguém diz que não
Quando você diz que é assim
E alguém contramão
Quando alguém tende
E você não entende
Quando alguém explica
E você não aplica
Quando alguém usa a força
E bota você na forca
Quando alguém ameaça
E a batata assa
Quando embaralham os pensamentos
E aumentam os descontentamentos
Então
Ação
Reação
Perturbação

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Mardita

É dia de festa
E você tomando todas
Alegria é o que te resta
A realidade que se exploda

Sempre que o garçom passa
O que servir você traça
Festa é pra festejar
O negócio é animar

As horas passam, então
O copo grudou na sua mão
Tá bancando o equilibrista
Para não cair na pista

É a mardita da cachaça

Alguém te esbarra sem querer
Oh, meu Deus, fazer o quê
Você perde a razão, ira, alucinação
E começa a confusão

Você começa a xingar
A patroa que quer te afastar
Logo ela que te aguenta
Tá corajoso e agora enfrenta

De repente olha em volta
Ninguém entende tua revolta
Achou que tava sendo macho
Acabou com cara de tacho

É a mardita da cachaça

A cerveja sobre o bolo
Para completar o rolo
Vai pra casa de carona
Mas vomita bem na lona

E no dia seguinte
Acorda ao meio dia e vinte
Olha no espelho, murcho, derrotado
Detonado, humilhado, envergonhado, atropelado

Pela mardita da cachaça
A mardita da cachaça
Ninguém anotou a placa
Do caminhão pipa de cachaça...

Dá um tempo

Nuvem escura
Ferida sem atadura
Cegueira
Perdeu a estribeira

Dá um tempo

Perdeu a calma
Perdeu-se da alma
Levado por vícios
Deixando vestígios

Dá um tempo

Entregue à loucura
Não se entrega à cura
Não consegue acertar
Afogando-se nesse mar

Dá um tempo

Só olha para o chão
Não ergue aos céus a mão
Perdeu o bom senso
Enxugue as lágrimas no lenço

E dá um tempo
Dá um tempo
Dá um tempo
Tempo ao tempo

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Os dois lados da moeda

É velho ou novo?
Depende do ponto de vista
Novo, novo, novo
Novidades a perder de vista

Sociedade com novos estigmas
Quebrando paradigmas
Buscando a supremacia
Com uma dose de anarquia

Aprendizado, joga fora
Ou deixa para outra hora
Agora, tudo é novo
Quem nasceu antes? A galinha ou o ovo?

Tudo é presente
O passado tem que ser ausente
Será?
Qual é a muda boa, qual é a má?

O melhor, melhor
Saber isso de cor
Esqueça as lições de outrora
Ou vai ficar por fora

Qual é o termo?
Acabou o meio-termo?
Os anos se vão
Aprendizados em vão

Sou bom nisso
Mas não estou atualizado naquilo
Difícil acompanhar
Difícil assimilar

Dois lados da moeda
Que deviam unir-se para evitar queda
Buscar o colaborativo ambiente
E não entender-se como onisciente

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Verdade

A verdade anda por aí
Mas há aqueles que fogem dela
Para não cair, se sobressair
Aprisionando-a numa cela
E eis que ela escapa
E deixa a cela aberta
O livro sujo está sem capa
Estado de alerta
Pode demorar anos
Com tantos enganos
Mas quando aparece
Desavergonhados fazem prece
Para não se encontrar com ela
Pois ela os procurará
E os encarcerará
Naquela mesma cela