Já sonhei que caía de um prédio
Acordei com um susto, seguido de tédio
Já sonhei que estava numa caverna com bichos peçonhentos
Acordei com péssimos (pre)sentimentos
Já sonhei que, em acidente automobilístico, morri
Vi-me atropelado, esmagado, aqui e ali
Já sonhei que vagava numa praia totalmente escurecida
E acordei pensando no sentido da vida
Com loucuras vindas não sei de onde
Já sonhei que um morcego me levou pela gola ao horizonte
Em meio às nuvens me largou
Acordei me perguntando o que sou
Já sonhei que fui atacado por um cão feroz
E acordei pensando como a vida é atroz
Notei-me como algo perecível
Que pode ser engolido da forma mais terrível
Já tive a visão de minha mãe vestida a espanhola
Estilo flamenco, com direito a castanhola
Era criança e acordei em desespero
Nunca compreendi tamanho exagero
Já sonhei que após ter mergulhado
Em alguma piscina de algum lugar
Deparei-me com um teto envidraçado
E acordei tentando respirar
Já acordei gritando aterrorizado
Cercado do silêncio a todo lado
Tive muitos pesadelos
E continuo, por vezes, a tê-los
Alguns veem pesadelos como premonição, coisa boa, ou algo sem noção
Eu vejo como lição
Real e surreal
Luta entre o bem e o mal
Já sonhei com meus falecimentos diversos
Estou vivo para escrever estes versos
Nunca, dos pesadelos, desdenho
Com palavras, os desenho
Questões de criança, adolescente, adulto
Do que me perdoo, do que me culpo
Pressões de mundo, país, cidade, sociedade, trabalho, amigos, inimigos, família
Sentimento de ilha
Cercada, amada
Vigiada, atacada
Que reage por natureza
Mesmo devastada, com beleza
Não tenho vergonha do que escrevo
Coloco minha alma em alto relevo
E lutando para sanar cada cicatriz
Ainda encontro tempo para ser feliz
O trabalho Reflexões Refletidas de Fabrício Olmo Aride foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada. |
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