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quinta-feira, 21 de maio de 1998

Carapaça

Os olhos vêem o que querem
Mas o coração vê tudo
Disfarçamos para parecermos fortes
Querendo sempre nos mostrarmos especiais

Todos possuímos um baú trancado
Que um relacionamento destranca
Por detrás de tanta pose e voz firme
Há um ser inseguro e temeroso

Acontece que um leão há de liquidar uma hiena
Ou a covardia se alastra em bandos
Não podemos nos espelhar nos outros
Identidade, personalidade, força de vontade

Se nos escondemos do medo do fracasso
Já estamos fracassando
Se ouvimos o que todos dizem
Somos os outros, não somos ninguém

Não podemos idolatrar um semelhante
Pois um mito não se faz sozinho
Tanta inteligência por baixo
Tanta mediocridade por cima

Andei pensando muito em você
Como te vi, como te vejo
Antes minha deusa, agora meu amor
Talvez você pense assim de mim

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